setembro de 2021

José Régio

A 17 de setembro de 2021 passam 120 anos sobre o nascimento de José Régio (1901 /1969), pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira. José Régio, autor de vasta e poderosa arte poética e ficcional, é considerado um dos grandes criadores da moderna literatura portuguesa refletindo, com base intimista, o conflito entre o Homem e Deus, o Artista e a Sociedade, o Eu e os Outros.

 

Nasceu em 17 de setembro de 1901, em Vila do Conde, cidade onde viveu a infância e adolescência e fez os primeiros estudos. Após uma estadia de dois anos no Porto para concluir o 3.º ciclo do curso liceal, foi para Coimbra para frequentar a Faculdade de Letras. Aí se licenciou em Filologia Românica, em 1925, defendendo a tese intitulada “As correntes e as individualidades na Moderna Poesia Portuguesa”, trabalho onde foi feita, pela primeira vez, a apologia dos poetas da revista Orpheu.

Cedo, iniciou a sua atividade literária em jornais e revistas. É de salientar a sua colaboração, já na década de 20, nas revistas portuenses Crisálida e A Nossa Revista e também nas coimbrãs Bizâncio e Tríptico. Mas, foi em Coimbra que consolidou as suas qualidades literárias, fruto do intenso contacto com os livros que vieram a influenciar a sua obra, como ainda pelo convívio com os intelectuais que marcaram um dos períodos mais fecundos do séc. XX, tanto na criação literária como na crítica.

No ano seguinte à conclusão da licenciatura, publicou o seu primeiro volume de poesia Poemas de Deus e do Diabo, assinando-o com o pseudónimo literário José Régio.

Em março de 1927, fundou com João Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca a revista Presença que durou treze anos e foi considerada o órgão divulgador do “segundo modernismo”.

Concluído o Curso da Escola Normal, iniciou a carreira docente com uma breve experiência como professor provisório no Liceu Alexandre Herculano, no Porto, até ser nomeado, em 1930, professor efetivo no liceu de Portalegre, cargo que exerceu até se reformar, em 1962.

Desde então, viveu alternando a sua residência entre Vila do Conde e Portalegre até que, em 1966, se instalou definitivamente em Vila do Conde.

Morreu a 22 de dezembro de 1969, vítima de doença cardíaca.

Trabalhador incansável, partilhou sempre as tarefas docentes com múltiplas atividades. Além da criação literária, manteve a colaboração em jornais e revistas como crítico e polemista. É de realçar o seu envolvimento político quando as situações críticas da vida nacional o justificavam, mantendo-se sempre firme e frontal nos seus ideais socialistas apesar do regime repressivo de então.

O isolamento a que, por vezes, se forçava para pensar e produzir a sua obra literária, não o impedia de frequentar as tertúlias dos cafés, nem de manter os contactos com os meios literários através da intensa atividade epistolar.

Foi, ainda, colecionador compulsivo de peças antigas de arte sacra e popular com as quais recheou as suas duas casas, em Portalegre e em Vila do Conde, hoje transformadas em casas-museus identificadas com o seu pseudónimo.

 

Bibliografia

Poesia

Poemas de Deus e do Diabo, Coimbra, s.d. [1926]
Biografia, Coimbra, 1929
As Encruzilhadas de Deus, Coimbra, 1935-36
Fado, Coimbra, 1941
Mas Deus é Grande, Lisboa, 1945
A Chaga do Lado, Lisboa, 1954
Filho do Homem, Lisboa, 1961
Cântico Suspenso, Lisboa, 1968
Música Ligeira, (volume póstumo), Lisboa, 1970
Colheita da Tarde, (volume póstumo), Porto, 1971
16 poemas dos não incluídos em Colheita da Tarde, (volume póstumo) , Porto, 1971

Ficção

Jogo da Cabra Cega, (romance), Coimbra 1934
Davam Grandes Passeios aos Domingos, (novela), Lisboa 1941
O Príncipe com Orelhas de Burro, (romance), Lisboa 1942
A Velha Casa I – Uma Gota de Sangue, (romance), Lisboa 1945
Histórias de Mulheres, (novela), Porto, 1946
A Velha Casa II – As Raízes do Futuro, (romance), Porto, 1947
A Velha Casa III – Os Avisos do Destino, (romance), Vila do Conde, 1953
A Velha Casa IV – As Monstruosidades Vulgares, (romance), Lisboa, 1960
Há Mais Mundos, (contos), Lisboa 1962
A Velha Casa V – Vidas são Vidas, (romance), Lisboa, 1966

Teatro

Primeiro Volume de Teatro – Jacob e o Anjo, Três Máscaras, Porto, 1940
Benilde ou a Virgem-Mãe, Porto, 1947
El-Rei Sebastião, Coimbra, 1949
A Salvação do Mundo, Lisboa, 1954
Três Peças em um Acto, Lisboa, 1957
Sonho de uma Véspera de Exame, (volume póstumo), Vila do Conde, 1989

Ensaio

As Correntes e as Individualidades na Moderna Poesia Portuguesa, s.l. [Vila do Conde], 1925
António Botto e o Amor, Porto, 1937-38
Em Torno da Expressão Artística, Lisboa, 1940
Ensaios de Interpretação Crítica, Lisboa, 1964
Três Ensaios sobre Arte, Lisboa, 1967
Páginas de Doutrina e Crítica da Presença, (volume póstumo), Porto, 1977

Memórias

Confissão dum Homem Religioso, (volume póstumo), Porto, 1971

Correspondência

Correspondência Jorge de Sena/ José Régio, (org. Mécia de Sena), Lisboa, 1986
Correspondência, (org. Luís Amaro), Lisboa, 1994
Correspondência com José Régio/ António Sérgio 1933-1958, (org. António Ventura), Portalegre, 1994
Correspondência Familiar – Cartas a seus Pais (org. António Ventura), Portalegre, 1997
Correspondência com José Régio/ Vitorino Nemésio, (org. Isabel Cadete Novais e Manuela Vasconcelos), Vila Nova de Famalicão, 2001
Correspondência Familiar – Cartas a seu irmão Apolinário (org. Adelina Piloto e A. Monteiro dos Santos), Vila do Conde, 2001

Antologias

Líricas Portuguesas, 1.ª série, 1944
Luís de Camões, 1944
Poesia de Amor, (colab. com Alberto de Serpa), 1945
Poesia de Ontem e de Hoje para o nosso Povo ler, 1956
Alma Minha Gentil, (colab. com Alberto de Serpa), 1957
Na Mão de Deus, (colab. com Alberto de Serpa), 1958

Editados pela CMVC

José Régio e os Mundos em que Viveu
de Isabel Cadete Novais, (Catálogo da exposição itinerante), Lisboa: INCM-CMVC/Inst. Camões-CER, 1999.
José Régio: Itinerário Fotobiográfico
de Isabel Cadete Novais, Lisboa: INCM/CMVC, 2002. [ed. esgotada]
Os Desenhos de Régio
de Joaquim Pacheco Neves, 1998.
Percursos – José Régio, 1.º Centenário (1901-2001)
de A. Ponte e outros, (Exposição bibliográfica – catálogo), 2001.
Sonho de uma Véspera de Exame
de José Régio, nov. 1989.
Novos Poemas de Deus e do Diabo
de José Régio, (edição facsimilada), 1994.
Primeiros Versos, Primeiras Prosas
de José Régio, (org. e notas de Joaquim Pacheco Neves), 1994. [ed. esgotada]
O Romance de Vila do Conde ( ilustrado por crianças e jovens da sua terra )
de José Régio, (org. A. Ponte e M. Miranda), 2001.
Régio, Oliveira e o Cinema
(ciclo de cinema organizado pela CMVC/CINECLUBE), 1994.
José Régio e a Arte Popular
coord. A. Ventura, (CMVConde/CMPortalegre), 2001.

Coleção de Postais – José Régio – 1.º Centenário (1901-2001).
CD – José Régio por José Régio (CD: poesia), EMP 1003, Movieplay, 1994.

Medalhas Comemorativas:
– 25.º Aniversário da Morte de José Régio, 1994.
– 1.º Centenário do Nascimento de José Régio (CMVConde/CMPortalegre), 1901-2001.

Fonte: Centro de Estudos Regianos https://www.joseregio.pt/