dezembro de 2020 Clarice Lispector Clarice Lispector nasceu na Ucrânia (Tchetchelnik), a 10 de dezembro de 1920 e faleceu no Brasil (Rio de Janeiro) em 09 de dezembro de 1977 (apenas com 57 anos), sendo um dos maiores nomes da literatura brasileira do século XX. Com o seu romance inovador e com a sua linguagem altamente poética, destacou-se dos modelos narrativos tradicionais. Clarice Lispector era filha de um casal de origem judaica que fugiu de seu país devido à perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa. Ao chegarem ao Brasil, fixaram residência em Maceió, Alagoas, onde moravam familiares. Clarice tinha apenas dois meses de idade. Por iniciativa de seu pai, todos mudaram o nome. Nascida Haya Pinkhasovna Lispector, passou a chamar-se Clarice. Entretanto, mudaram-se para o Recife onde Clarice passou a sua infância. Aprendeu a ler e escrever muito nova e muito cedo começou a escrever pequenos contos. Estudou inglês e francês e cresceu ouvindo o idioma dos seus pais, o iídiche. Ingressou no Ginásio Pernambucano, o melhor colégio público da cidade. Com 12 anos, Clarice mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, para o Bairro da Tijuca. Ingressou num bom colégio e era frequentadora assídua da biblioteca. Em 1941, Clarice entrou na Faculdade Nacional de Direito e empregou-se como redatora da Agência Nacional. Depois, passou para o jornal A Noite. Em 1943, casou-se com o amigo e colega de turma, Maury Gurgel Valente. Em 1944, forma-se em Direito. Ainda em 1944, Clarice publicou o seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem, que retrata com uma visão personalizada o mundo da adolescência e que abriu uma nova tendência na literatura brasileira. O romance provocou verdadeiro espanto na crítica e no público da época, dado que a narrativa quebra a sequência de começo, meio e fim, assim como a ordem cronológica, e funde a prosa com poesia. A obra Perto do Coração Selvagem teve caloroso acolhimento dos leitores e da crítica e, no mesmo ano, recebeu o Prémio Graça Aranha. Também em 1944, Clarice Lispector acompanhou o seu marido – diplomata de carreira - em diversas viagens fora do Brasil, a primeira das quais a Nápoles, na Itália. Com a Europa em guerra, Clarice ingressou como voluntária no grupo de assistentes de enfermagem do hospital da Força Expedicionária Brasileira. Em 1946, já morando em Berna, na Suíça, publicou O Lustre. Em 1949, publicou A Cidade Sitiada. Nesse mesmo ano, nasceu o seu primeiro filho, Pedro. Em 1952, publicou Alguns Contos. Depois de seis meses na Inglaterra, em 1954 foi para Washington, Estados Unidos, onde nasceu o seu segundo filho, Paulo. Nesse mesmo ano, o seu livro Perto do Coração foi publicado em língua francesa. Em 1959, Clarice separou-se do marido e regressou ao Rio de Janeiro, acompanhada dos seus dois filhos, começando a trabalhar no Jornal Correio da Manhã, assumindo a coluna "Correio Feminino". Em 1960, trabalhou no Diário da Noite com a coluna "Só Para Mulheres" e, nesse mesmo ano, lançou Laços de Família, livro de contos que recebeu o Prémio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro. Em 1967, publicou O Mistério do Coelhinho Pensante, seu primeiro livro infantil, que recebeu o Prémio Calunga, da Campanha Nacional da Criança. Nesse mesmo ano, ao adormecer com um cigarro aceso, sofreu queimaduras no corpo e na mão direita. Passou por várias cirurgias e, desde então, isolou-se, dedicando-se quase exclusivamente à escrita. No ano seguinte publicou diversas crónicas no Jornal do Brasil. Clarice Lispector integrou o Conselho Consultivo do Instituto Nacional do Livro. Em 1976, pelo conjunto de sua obra, ganhou o primeiro prémio do X Concurso Literário Nacional de Brasília. Em 1977, Clarice Lispector escreveu Hora da Estrela, sua última obra publicada em vida, onde conta a história de Macabea, uma jovem do interior tentando sobreviver na grande cidade. A versão cinematográfica desse romance, dirigida por Suzana Amaral em 1985, conquistou os maiores prémios do festival de cinema de Brasília e deu à atriz Marcelia Cartaxo, a protagonista, o troféu Urso de Prata em Berlim, em 1986. Clarice Lispector faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu 57º aniversário. Seu corpo foi sepultado no cemitério Israelita do Caju. Características da obra de Clarice Lispector Clarice Lispector é considerada uma escritora intimista, mas, também, de pendor social, filosófico e existencial. Em busca de uma linguagem diferente para expressar paixões e estados da alma, a escritora utilizou recursos técnicos modernos como a análise psicológica e o monólogo interior. As suas histórias raramente têm um começo meio e fim. A sua ficção transcende o tempo e o espaço e as personagens, postas em situações limite, são com frequência femininas, quase sempre situadas em centros urbanos. Bibliografia Ativa: Perto do Coração Selvagem, romance (1944) O Lustre, romance (1946) A Cidade Sitiada, romance (1949) Alguns Contos, contos (1952) Laços de Família, contos (1960) A Maçã no Escuro, romance (1961) A Paixão Segundo G.H., romance (1961) A Legião Estrangeira, contos e crônicas (1964) O Mistério do Coelho Pensante, literatura infantil (1967) A Mulher Que Matou os Peixes, literatura infantil (1969) Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres, romance (1969) Felicidade de Clandestina, contos (1971) Água Viva, romance (1973) Imitação da Rosa, contos (1973) A Via Crucis do Corpo, contos (1974) A Vida Íntima de Laura, literatura infantil (1974) A Hora da Estrela, romance (1977) A Bela e a Fera, contos (1978) Fonte: https://www.ebiografia.com/clarice_lispector/ Voltar!